A verdadeira história do flautista de Hamelin

"A recompensa será minha. Esta noite não haverá um só rato em Hamelin".
Olá meu povo lindo! Hoje trago para vocês mais uma "história real por trás do conto de fadas", e o conto da vez será "O Flautista de Hamelin".

Bom, para quem não conhece a história, vou dar uma leve resumida. No conto, em 1284 a cidade de Hamelin estava sofrendo com uma infestação de ratos. Um dia, chega à cidade um homem que diz ser um "caçador de ratos" dizendo ter a solução para o problema. Prometeram-lhe então, uma moeda pela cabeça de cada rato. O homem aceitou o acordo, pegou uma flauta e hipnotizou os ratos, afogando-os no Rio Weser.

Apesar de obter sucesso, o povo da cidade não cumpriu a promessa feita e recusou-se a pagar o "caçador de ratos", afirmando que ele não havia apresentado as cabeças. O homem deixou a cidade, mas retornou várias semanas depois e, enquanto os habitantes estavam na igreja, tocou novamente sua flauta, atraindo desta vez as crianças de Hamelin. Cento e trinta meninos e meninas seguiram-no para fora da cidadeApenas uma criança surda (que não foi afetado pelo influxo de música), um cego (que não conseguiu encontrar uma maneira de rastrear a origem da melodia) e um coxo (que foi salvo por ser deixado para trás) foram salvos. 


As versões para o final da história diferem muito. Em uma delas, elas ficam aprisionadas em uma caverna e não conseguem voltar. Em outra, o flautista é devidamente pago e as crianças retornam. Outra, considerada a oficial, é ainda mais trágica: o flautista as leva para o rio, onde morrem afogadas. E, segundo a fábula, desde então, Hamelin é um local onde não se encontram mais ratos nem crianças.

Isso é o que nos conta a história escrita pelos irmãos Grimm, mas a verdade é que essa cidade realmente existe, a Hamelin contemporânea  integra o Estado da Baixa Saxônia e tem atualmente cerca de 60 mil habitantes.


As primeiras menções da história parecem ser de um vitral que existia na Igreja de Hamelin por volta de 1300. Este vitral é descrito em vários documentos dos séculos XVI e XVII e aparentemente foi destruído em um incêndio em torno do século XV. Inspirado por essas descrições, o historiador Hans Dobbertin criou outros vitrais, que já podem ser vistos na igreja de Hamelin. O trabalho recria uma imagem da lenda onde vemos o flautista com roupas coloridas levando as crianças para fora da cidade. Esta janela é geralmente considerada como tendo sido criada em memória de um acontecimento histórico trágico para a cidade.
Vitrais na Igreja de Hamelin.

Outro fato curioso, é que a cidade de Hamelin ostenta uma inscrição nas paredes, datada da idade média que confirma o desaparecimento de todas as crianças da cidade. A Casa The Pied Piper recebeu o nome de uma inscrição no alto do lado direito da casa, referindo-se à perda dos filhos de Hamelin. A inscrição diz: 
"AD 1284 – no dia 26 de junho – dia de São João e São Paulo 130 crianças – nascidas em Hamelin foram levados para fora da cidade por um flautista vestindo roupas multicores. Após passar pelo Calvário, perto da Koppenberg eles desapareceram para sempre".
A inscrição gravada em pedra está embutida no alto, na lateral deste prédio no centro histórico da cidade.

Além de tudo isso, há o fato de os registros históricos da cidade de Hamelin começarem com este evento. O registro mais antigo descoberto nas crônicas da cidade aparece em uma entrada de 1384 que afirma: 
“Faz 100 anos desde que nossos filhos nos deixaram”.
Embora muita pesquisa tenha sido realizada ao longo dos séculos, não há explicação para o evento histórico. De qualquer maneira, sabe-se com certeza que os ratos foram adicionados à história numa versão de 1559 e estão ausentes em versões anteriores.
Curiosamente, há um costume de longa data em Hamelin, que proíbe cantar ou tocar música em uma determinada rua da cidade, por respeito ás vítimas do lendário evento. A rua chama-se Bungelosenstrasse, ao lado da "Casa del Flautista". Durante desfiles públicos com música, a banda para de tocar quando chega á esta rua e continua com a música, uma vez que a passou.
Ninguém sabe ao certo o que aconteceu na cidade, se as crianças realmente sumiram e quem as levou. O fato é que há muitas teorias sobre o ocorrido, vejam algumas delas: 
flecha-imagen-animada-0192 um serial killer ou pedófilo assassinou todas essas crianças na época;
flecha-imagen-animada-0192 as crianças foram vítimas de um acidente no qual foram afogadas no rio Weser ou foram sepultados por um deslizamento de terra.
flecha-imagen-animada-0192 a história se refere à doenças que dizimaram grande parte da população da cidade, especialmente as crianças por serem mais frágeis; 
flecha-imagen-animada-0192 em alguns locais dizem que as pessoas se esconderam na igreja durante o ocorrido, então a história é atribuída ao demônio; 
flecha-imagen-animada-0192 também há a teoria de serem extraterrestres que abduziram as crianças, devido ao fato do "flautista" ser retratado com roupas coloridas e extravagantes, coisa que não era comum na época e também por ele carregar uma flauta, que para muitos é na verdade um instrumento capaz de causar estupor nas pessoas, objeto já relatado por pessoas que dizem terem vistos extraterrestres. E em 1561 em Nuremberg, há relatos de vários objetos estranhos sendo vistos no céu, e alguns lugares descreverem o evento como uma guerra entre grandes naves, com grandes explosões e luzes no céu. O mesmo ocorreu na cidade de Basel na Suíça em 1566, o fato rendeu até notícia em um jornal da cidade que dizia: "Quando o sol nasceu, as pessoas viram muitos objetos negros grandes, os quais se moviam à alta velocidade no ar, em direção ao sol, então faziam meia volta, batendo uns contra os outros, como se estivessem em batalha; um grande número deles ficou vermelho e incendiado, logo após sendo consumidos e desaparecendo."
flecha-imagen-animada-0192 outra teoria é que a cidade pode ter simplesmente vendido os filhos. A teoria da emigração sugere que as crianças foram vendidas para um recrutador da região do Báltico da Europa Oriental, numa prática que não era incomum na época. Em seu ensaio Pied Piper Revisited , Sheila Harty afirma que os sobrenomes da região são semelhantes aos de Hamelin, e que a venda de filhos ilegítimos, órfãos e outras crianças que a cidade não poderia suportar é a explicação mais provável. Ela afirma ainda que esta pode explicar a falta de registros do evento nas crônicas da cidade. Em seu livro, The Pied Piper: A Handbook , Wolfgang Mieder afirma que existem documentos históricos mostrando que as pessoas daquela área, incluindo Hamelin ajudaram a popular partes da Transilvânia, que tinha sofrido sob longas invasões mongóis da Europa Central.
Enfim, nunca saberemos ao certo o que aconteceu na cidade de Hamelin na Alemanha, mas o fato é que a história é muito interessante e bem diferente daquela contada pelos irmãos Grimm, e aí, o que acharam?

12 comentários. Clique aqui para comentar também.:

Francielle Couto Santos disse... [Responder comentário]

Flor, que maravilha de post! Não só pelo conto, mas por suas pesquisas... você nos trouxe muitas informações interessantes aqui, hein! É muito doido pensar na quantidade de anos em que esses contos foram escritos, e as adaptações que eles receberam ao longo do tempo. Neste caso temos uma série de lacuna que provavelmente nunca serão desvendadas... talvez justamente por isso existam tantas especulações e teorias. De qualquer forma é sempre bom pensar a respeito. Adorei!

Abraços,
www.universoliterario.com.br

Mariana Fontana Szewkies disse... [Responder comentário]

Oi Patricia!
Que ótima pesquisa.
Não conhecia esse conto dos Irmãos Grimm então gostei ainda mais de já ser apresentada a ela sabendo o que há por trás da história. O mais legal é ver todas as teorias que surgem para tentar explicá-la.
Beijos,
alemdacontracapa.blogspot.com

Priih disse... [Responder comentário]

Oie, tudo bem?
Que post informativo, achei a história bem curiosa!
O conto dos irmãos Grimm já é meio assustador, mas saber que tem um fundinho de verdade deixa ainda mais hahaha!
Beijos,

Priscilla
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Unknown disse... [Responder comentário]

Oi, tudo bom?
Achei muito interessante essa história, nunca tinha ouvido falar. E o fato dessa cidade existir, parece ainda mais real e assustador.
Beijos, adorei o post.
http://lendocomabianca.blogspot.com

Estante Diagonal disse... [Responder comentário]

Uauuuu não tinha ideia que a cidade realmente existia =x amei eu adoro curiosidades e conhecer coisas novas, já fiquei mega instigada pela leitura ♥

Beijos,
Joi Cardoso
Estante Diagonal

Celio disse... [Responder comentário]

Pra falar a verdade, eu conheci essa história em um meme da página SAM. Fui pesquisar sobre, e descobri que existia uma outra realidade por trás do conto.
O fato da cidade existir e essa rua onde a banda para de tocar, acrescenta ainda mais mistério na história. Será que foi real? Qual foi o fim das crianças? Infezlimente nunca iremos saber.

Celio disse... [Responder comentário]

Pra falar a verdade, eu conheci essa história em um meme da página SAM. Fui pesquisar sobre, e descobri que existia uma outra realidade por trás do conto.
O fato da cidade existir e essa rua onde a banda para de tocar, acrescenta ainda mais mistério na história. Será que foi real? Qual foi o fim das crianças? Infezlimente nunca iremos saber.

mateus giacomini disse... [Responder comentário]

como já diz o ditado "toda lenda tem fundo verdade"particularmente acho mais Fácil acreditar que o flautista é uma metáfora para uma epidemia trágica(que deve ter ceifado a vida da maioria das crianças) que se abateu sobre a cidade

Unknown disse... [Responder comentário]

Se onde está RATOS se ler CORRUPÇÃO, precisaremos de um flautista em nossos dias???

Aroma Suave disse... [Responder comentário]

Muito enriquecedor e aguçou a curiosidade. Muito obrigada!

Unknown disse... [Responder comentário]

Cuida com esse flautistas ai

Anônimo disse... [Responder comentário]

O que me incomoda neste blog é o fato de o cursor não poder selecionar texto, talvez se tivesse este recurso eu até passasse mais tempo no blog, a questão de design me incomoda um pouco, mas nada que eu não possa ignorar e usufruir de uma boa leitura, afinal, é questão de gosto, se o design do blog agrada a ti e aos teus leitores assíduos, está tudo bem, gostaria de enfatizar também o fato de que tu pode dar um pouco mais de atenção a revisão de texto, não que o texto possua algum erro que impossibilite a leitura, porém fiquei levemente incomodado ao ler o seguinte trecho: "e alguns lugares 'descreverem' o evento", creio que aqui o certo seria a palavra "descreveram", e também creio que a caixa de comentários poderia ser um pouco maior para melhor visualização do mesmo, espero que não leve a mal, não quero que me entenda como alguém exigindo a perfeição em um blog, porém espero que entenda estas como críticas construtivas e sinceras de um leitor.

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